Sertão

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Dicas de cordeis

Ciranda do Cordel de Saia



CORDEL VELHO & CORDEL NOVO!

O cordel hoje está mais em foco do que nunca e precisamos aproveitar este momento. Na verdade, sempre estivemos caminhando, isto desde nossos idos tempos lá das arábias, Europa, América Latina e nós, no BRASIL. Aqui, ele ganhou fisionomia e carteira de identidade própria, etc...e tal... Há, realmente, muito que falar desse nosso favorito gênero literário, que acabou por influenciar todos os nossos mais ilustres literatos.
CORDEL DE SAIA leva a polêmica aos poetas.

CORDEL - NOVO & VELHO
1
Tem nosso cordel escrito
Mais de cem anos de idade.
Dos primeiros rudimentos
Até a modernidade
Projeta-se no infinito,
Pois o cordel é escrito
Sem prazo de validade.
(Gonçalo Ferreira da Silva)
2
Velho cordel do passado
É o pai dos novos cordéis
Que hoje se apresentam
Em rebuscados painéis
Mas tem a cor do sertão
Estampando a evolução
Nos mais distintos pincéis.
(Dalinha Catunda)
3
O cordel bem feito é
Poesia sofisticada,
Que adensa o conhecer
Com a cultura aplicada.
Cheira qual fruta madura
Só comparado a ternura
Das flores da madrugada.
(Pedro Monteiro)
4
O cordel velho tem raiz
Nos romances medievais
Nas histórias sertanejas
Muito antes dos meus pais
O novo fala das ciências
Recheado de influências
Destas mídias digitais.
(Ivamberto Albuquerque)
5
Os antigos menestréis
Que vinham de Portugal
Exibiam seus folhetos
Pendurados no varal.
Ninguém imaginaria
Que fosse existir, um dia.
Até cordel virtual.
(Marcos Mairton)
6
O Cordel é atemporal
todo tempo é sua idade
velho ou novo é magistral
por sua diversidade:
nos mais variados temas
setilhas, outros esquemas
provam versatilidade.
(Bastinha)
7
O cordel velho foi escrito
com talento e galhardia,
rima, métrica, oração,
como exige a poesia,
num brilhantismo perfeito
pois tudo isso era feito
sem quase tecnologia.
(Raul Poeta)
8 
Uma coisa neste mundo
ante a qual eu me comovo
são bons versos recitados
pelos poetas do povo,
uma rabeca tocando
o pobre cego cantando
“Cordel velho & Cordel novo”.
(Zealberto Costa)
9
Cordel é sempre cordel
de agora ou de antigamente
fuxica tudo o que quer
da bancada ao repente
no papel ou no gogo
bem feito fica decente
(Rosário Lustosa)
10
Da "Donzela Teodora"
Ao "Pavão Misterioso",
Do "Linguajar Cearense"
Ao conto maravilhoso,
Cordel velho e cordel novo
São expressões de um povo
Alegre e laborioso.

(Nezite Alencar)
11
"Cordel Velho" e "Cordel Novo"
Não consigo dividir
Pois o que agrada ao povo
É o modo de transmitir
Tendo rima e oração
Fiel metrificação
Dá gosto ler e ouvir
.
(Josenir Alves de Lacerda)
12
A Rima metrificada
Do nosso velho Cordel
Regula o cordel novo
Quando passa pro papel
Avançamos pro futuro
Sendo ao passado fiel
(William J. G. Pinto)
13
Para mim, Novo Cordel
Deve ser tradicional,
Mas ter bonito papel,
Capa com bom visual,
Que seja xilogravura
Ou qualquer outra figura
E, até em policromia.
Uma ilustração decente,
Trabalha e condizente
Com o que o cordelista cria.
(Moreira de Acopiara)
14
Cordel velho & Cordel novo
Vejam só que discussão
Se um pretende manter
Na forma, a mesma feição
O outro para ser eterno
Propõe um jeito moderno
Sem ferir a tradição
 (José Walter Pires)
15
O cordel é característico
Na cultura popular,
Seja ele velho ou novo
Tem sua escrita singular.
Sempre retratando uma história
De decepção ou glória
De maneira bem peculiar 
(Jadson Xavier (Jatão)
16
Chegando à modernidade,
O cordel virou “global”
Vem de muitos idos tempos,
Na TV é cabedal.
Está presente na tela:
Acompanhe a novela.
Lá tem papel virtual
(Rosário Pinto)

Fui buscar esta ciranda em:

Veja também :
http://rosarioecordel.blogspot.com
http://cantinhodadalinha.blogspot.com

Sugestões de Livros de cordel

 MARCOS MAIRTON da Silva : Algumas indicações:



LANÇAMENTO! 

Coletânea de vinte e um textos, sendo sete em cada um dos gêneros literários anunciados no título, com temas os mais variados. 
Histórias de amor e traição, como “A manicure”, “Traição, respeito e saudade”, “Los Mareados” e a curiosa “Pequena tragédia narrada do final para o começo”, que começa literalmente do fim e conduz o leitor ao início dos fatos.
 

Curiosidades: Visita imperdível - Museu do Cordel

Vai em Pernambuco ? Visita imperdível em Caruaru, Museu do Cordel possui mais de dez mil títulosO espaço foi fundado em 1999 e fica nos arredores da conhecida Feria da Sulanca


O Museu do Cordel foi fundado em 1999 pelo cordelista Olegário Fernandes, falecido em 2002. Foto: Benda Souto Maior/DP/D.A Press
O Museu do Cordel foi fundado em 1999 pelo cordelista Olegário Fernandes, falecido em 2002. Foto: Benda Souto Maior/DP/D.A Press

Os apreciadores da cultura popular que visitarem Caruaru, no Agreste do estado, devem aproveitar para conhecer o Museu do Cordel Olegário Fernandes, instalado na área da Sulanca. O local dedicado à literatura de cordel não é tão fácil de achar, mas perguntando aqui e ali, dá para chegar, mesmo com a ausência de placas indicativas.

O Museu do Cordel foi fundado em 1999 pelo cordelista Olegário Fernandes, falecido em 2002, aos 70 anos. Hoje, o local é administrado por Olegário Fernandes Filho, que aprendeu o ofício do pai. Além de um acervo com mais de 10 mil títulos, o lugar também exibe outras artes, como xilogravuras e litogravuras.

O acervo do museu possui mais de 10 mil títulos, além de xilogravuras e litogravuras. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
O acervo do museu possui mais de 10 mil títulos, além de xilogravuras e litogravuras. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

E o museu não se restringe a exibir os cordéis. Também é possível comprar diversos títulos de vários autores. Os nomes mais expressivos, segundo Olegário Filho, são Leandro Gomes de Barros, João Martins de Ataíde, Chico Sales Areda e José Pacheco. Este último é responsável pelo cordel “A Chegada de Lampião ao Inferno”, um dos mais procurados para compra pelo público, de acordo com o administrador do local.

Além das histórias contadas nos cordéis, muita gente compra os livrinhos com as rimas por conta das ilustrações. Um exemplo disto são os títulos assinados por diferentes autores que contam com as xilogravuras do Mestre Dila e J. Borges.

O cordel mais popular é
O cordel mais popular é "A Chegada de Lampião ao Inferno", de José Pacheco. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Para manter viva as tradições populares, o Museu do Cordel ainda abriga eventos. Todo segundo sábado de cada mês, o palco do local recebe artistas para apresentações de declamação, embolada e repente. Sempre das 9h ao meio-dia.

Serviço
Museu do Cordel Olegário Fernandes
Feira de Caruaru – área da Sulanca
Funcionamento: de segunda a sábado, das 8h às 16h
Apresentações: todo primeiro sábado do mês, das 9h ao meio-dia

terça-feira, 15 de abril de 2014

Como surgiu a literatura de cordel

A literatura de cordel tem origem na Idade Média, mas muitas inovações brasileiras ajudaram a dar cara própria a esse patrimônio único.

De tanto ouvir Roberto Carlos mandar tudo para o inferno, nos versos da canção que dominava as rádios no fim dos anos 1960, o poeta Enéias Tavares dos Santos decidiu que o "rei" havia feito por merecer uma resposta - e do tinhoso em pessoa. Escreveu então o folheto de cordel Carta de Satanás a Roberto Carlos, em que o diabo se dirigia queixoso ao cantor, diretamente da "corte das trevas". 
Ao reunir realidade e ficção, sátira e bom humor, a conversa franca entre Satanás e seu "grande amigo Roberto" tornou-se um dos maiores sucessos da literatura popular em versos brasileira. Rendeu incontáveis reimpressões e inspirou dezenas de folhetos de outros cordelistas, como Resposta de Roberto Carlos a Satanás, de Manuel d’Almeida Filho, e A Mulher que Rasgou o Travesseiro e Mordeu o Marido Sonhando com Roberto Carlos, de Apolônio Alves dos Santos.
Além da sorte, Enéias Tavares usou a seu favor a astúcia dos grandes cordelistas: conjugou a crendice popular (centrada na figura do diabo) à modernidade do novo ídolo, que estampava capas de revistas e alavancava audiência na televisão ao embalo do iê-iê-iê. O autor soube interpretar um momento de sua época, na mesma toada em que há mais de um século a literatura de cordel retoma tradições e constrói, em forma de poesia, crônicas da sociedade e da política brasileiras.

Poesia no barbante

Normalmente impresso em livretos de oito, 16 ou 32 páginas, com dimensões que não costumam ultrapassar as da palma da mão, o cordel pode ser encontrado sobretudo no Nordeste, em feiras de grandes capitais (como a de São Cristóvão, no Rio de Janeiro) e em lojas especializadas em produtos nordestinos.
Diferentemente de outras formas de literatura, o cordel é derivado da tradição oral. Isto é, surge da fala comum das pessoas, e também das histórias como contadas por elas, e não como fixadas no papel. "Onde quer que existam populações que não sabem ler nem escrever, existirá poesia oral, conto oral, narrativa oral, porque as pessoas não acham que o analfabetismo pode impedi-las de praticar a poesia e a narrativa. A literatura nasceu oral e foi assim durante milênios. Quando a Ilíada e a Odisseia foram transpostas pela primeira vez para o papel, já tinham séculos de idade", afirma o escritor Braulio Tavares.
A origem dos cordéis são as cantigas dos trovadores medievais, que comentavam as notícias da época usando versos, que eles próprios cantavam, frequentemente de forma cômica. "Por volta do século 16, ela era praticada na península Ibérica por meio dos trovadores, que recitavam louvações e galanteios para agradar aos poderosos", diz Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Com o tempo, tais artistas começaram a registrar suas falas em folhas soltas, conhecidas em Portugal como "volantes", e prendê-las em torno do corpo em barbantes para que as recitassem e, ao mesmo tempo, garantissem as mãos livres para os movimentos.

O verbete "cordel" apareceu apenas em 1881, registrado no dicionário português Caldas Aulete. Era sinônimo de publicação de baixo valor e prestígio, como as que na época eram vendidas penduradas em cordões na porta das livrarias - esses "varais" de literatura logo caíram em desuso, mas o nome prevaleceu. A tradição chegou ao Nordeste do Brasil com os colonizadores portugueses e, ao longo dos séculos, adquiriu características próprias. A forma definitiva, com os livretos, têm pouco mais de 100 anos. Tudo graças a algumas prensas velhas de jornal.

Improviso feliz

As honras de "pai" da literatura de cordel brasileira cabem ao paraibano Leandro Gomes de Barros, que começou a imprimir livretos e alcançou o mérito, digno de poucos poetas, populares ou não, de sustentar a família apenas com os dividendos das centenas de títulos lançados.

Na virada do século 20, as redações de jornal e as casas tipográficas eram modernizadas: trocavam a composição manual, em que cada palavra era montada na página, letra por letra, por máquinas de linotipo, que aceleravam a impressão ao usar linhas completas de uma só vez.
Assim, o maquinário obsoleto foi descartado por valores ínfimos, para a alegria dos entusiastas do cordel. "Isso fez com que os versos dos poetas populares nordestinos, que até então eram copiados a mão e passados adiante, pudessem ser transformados em produto industrial e comercial, mesmo que em escala modesta", escreve Braulio Tavares em Contando Histórias em Versos - Poesia e Romanceiro Popular no Brasil. Um dos primeiros cordeis de sucesso foi A Guerra de Canudos, em que o conflito de 1896 e 1897, opondo Antônio Conselheiro ao Exército brasileiro, foi retratado em versos por João Melquíades Ferreira da Silva, que fora soldado naquelas batalhas e se tornaria um grande nome da primeira geração de cordelistas brasileiros.
A partir da atuação de Leandro Gomes de Barros, surgiram poetas-editores que escreviam e imprimiam seus próprios folhetos, quando não adquiriam também os direitos sobre as obras de terceiros. Um dos principais empresários do setor foi João Martins de Ataíde, que em 1921 obteve licença para republicar as histórias de Barros, inicialmente apresentando-se nos livretos como editor e, num segundo momento, como o próprio autor.
Conforme o cordel se popularizou, as evoluções gráficas vieram pelas mãos dos artistas das gerações seguintes: as capas com textos meramente decorativos aos poucos foram substituídas por imagens de cartão-postal e de estrelas de Hollywood, mais atrativas.
Até que, nos anos 1950, o folheto alcançasse a sua cara definitiva nos desenhos "rústicos" da xilogravura.

Versão extraoficial

No último século, o teor da literatura de cordel jamais parou de se desenvolver. Os versos não abandonaram o tom matuto, o diálogo do sertanejo com suas crenças, suas percepções e seus dilemas cotidianos, embora ao longo das décadas a realidade do povo nordestino mudasse e muitos autores e leitores partissem, em ondas migratórias, para o centro-sul do país. "O cordel se revelou uma fonte de ‘história não oficial’ do século 20, narrada pelos poetas do Nordeste", diz Mark J. Curran, professor da Universidade do Estado do Arizona e autor de livros como Retrato do Brasil em Cordel.

Segundo o pesquisador americano, os folhetos cumpriram o papel de jornal e novela do povo sertanejo, exerceram a função de ao mesmo tempo informar e entreter, em muitos momentos integrando à vida nacional populações que ainda não haviam sido atendidas pelos serviços tradicionais de comunicação. E é por isso que os mais diferentes episódios e personagens foram transportados para a crônica cordeliana, dos desastres naturais aos embates ideológicos, de figuras como Getúlio Vargas, Lampião e Padre Cícero a Roberto Carlos.

Atualmente, pesquisadores concordam que o gênero se fortalece pelas facilidades de impressão e distribuição dos exemplares, somadas ao poder de divulgação da internet.
E isso sem falar no prestígio que escritores como Jorge Amado, João Guimarães Rosa e Ariano Suassuna conferiram (e ainda conferem) à tradição, por terem emprestado da literatura de cordel inspiração para seus universos criativos.

Do sertão a Sorbonne
Gênero virou tema da academia 


Entre as principais características da literatura de cordel brasileira estão a imensa variedade de temas abordados e a produção intensa - Joseph Maria Luyten, holandês radicado no Brasil, foi um dos poucos pesquisadores que se arriscaram a fazer uma estimativa. Durante sua trajetória acadêmica, calculou que os cordelistas nacionais teriam publicado entre 30 e 40 mil livretos e chegou a falar em 100 mil títulos. O volume de folhetos foi suficiente para que, nos anos 1970, o brasilianista Raymond Cantel considerasse nosso cordel "o mais importante, no sentido quantitativo, entre as literaturas populares do mundo". Autoridade internacional no tema, Cantel aterrissou no país nos anos 1950 para pesquisas de campo, tornou-se um dedicado colecionador das histórias e introduziu seu estudo na Universidade de Sorbonne, em Paris.
Clique na imagem para ler os quadros (Ilustração: Rogério Fernandes)
Saiba mais em:

www.ablc.com.br

Página da Academia Brasileira de Literatura de Cordel reúne curiosidades e notícias sobre o gênero. O site ainda ensina as métricas para escrever um cordel.

www.casaruibarbosa.gov.br/cordel

Biografias de autores consagrados e biblioteca virtual, com mais de 2,3 mil folhetos digitalizados.

www.cibertecadecordel.com.br

Traz o catálogo do Acervo Maria Alice Amorim, mantido pela pesquisadora com apoio de várias entidades. A consulta às obras digitalizadas na íntegra pode ser feita na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife.

Livro

Retrato do Brasil em Cordel, Mark Curran, Ateliê Editorial, 2011.
Panorama preciso da história do cordel brasileiro, mesmo escrito por um estrangeiro. O estudo mostra como traços da nossa cultura e política são narrados pelos folhetos.

Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Animações



CORDEL DO AMOR SEM FIM


REDECARD CORDEL


MORTE E VIDA SEVERINA

     

Para ouvir e refletir















 

Dica literária

VIDAS SECAS

O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". VIDAS SECAS é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.





O cangaceiro


Segue dica de um curta que conta a historia de Lampião o rei do cangaço. 

Publicado em 03/07/2012
O Cangaceiro, filme realizado pelos alunos de Design da UFPE, conta a história de Lampião, personagem histórico da Região Nordeste. Baseado em literatura de cordel, os versos narram seus infortúnios e seus amores, seu triunfo e seu declínio, e até seus acordos com o capeta. A animação mostra um pouco dos mitos e da fantasia que envolve o imaginário acerca do personagem.

Uma produção Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; Maquinário Laboratório de animação UFPE; Núcleo de Design / CAA; Projeto Animando Histórias; Projeto Cordeis Animados. Apoio Estúdio Malunguim.

Direção: Marcos Buccini

Co-Direção: Alunos da disciplina Animação digital e do Projeto Animando Histórias da UFPE/CAA.

Produção: André Arôxa, Huilton Carlos, Vinícius Milfont, Marcos Buccini e Davi Paes

Versos e Roteiro: Francisco de Assis Oliveira

Direção de Arte / Desenho dos personagens e cenários: André Arôxa, Vinicius Milfont e Davi Paes baseados na fonte Armoribat de autoria de Buggy

Storyboard e animatic: Alunos da disciplina de animação 2D 2011.1

Créditos: Vinícius Milfont

Trilha sonora: Igor Távora Borges

Músicos: Igor Távora Borges (Violão, flauta e percussão) e Huilton Carlos (Percussão)

Produção Musical: Pierre Leite e Igor Távora Borges

Design de som: Pierre Leite e Davi Paes

Narração: Davi Paes

Técnica de animação: Recorte digital

Edição e Pós-produção: Marcos Buccini

Animação:
Cena 1 - Nasce um cangaceiro
José Wilson, Santino Mendes, Edvaldo de Siqueira, Luiz Antônio, Adoniram de Souza Silva e Filipe Paes

Cena 2 - O Demônio
Huilton Carlos, Filipe Paes, Eduardo José Ribeiro, Anna Paula e Jardel Bezerra

Cena 3 - Corações Roubados
Huilton Carlos, Bianka Andrea e Marcos Antônio

Cenas 4 e 5 - Proteção e Traição Fatal
Henrique Eduardo, Hudson Raniel, Vinicuis Milfont, Elber Fagner, Jeiel Silva, Wesley Kedmo

Cordel e repente



O DESAFIO DA PACA CARA, DE CEGO ADERALDO

Outro dia alguém me perguntou a diferença entre cordel e repente. Respondi, sem pensar muito, que o cordel é a poesia popular que se caracterizou como tal pelo fato de ser publicada em folhetos, enquanto o repente é a poesia feita pelos cantadores, os quais geralmente recebem da platéia um tema, chamado MOTE, e o desenvolvem na hora. Também é muito comum os repentistas fazerem desafios, nos quais cada um exalta suas qualidades e depreciam o colega.

Um desafio famoso é aquele que teria ocorrido entre o Cego Aderaldo e Zé Pretinho, quando Aderaldo deixa difícil a situação de Zé Pretinho com o trava língua da “Paca Cara”. Vejamos um trecho:


Zé Pretinho (P.)

— Eu vou mudar de toada,

Pra uma que mete medo

— Nunca encontrei cantador

Que desmanchasse este enredo:

É um dedo, é um dado, é um dia,

É um dia, é um dado, é um dedo!


Cego Aderaldo (C.).

— Zé Preto, esse teu enredo

Te serve de zombaria!

Tu hoje cegas de raiva

E o Diabo será teu guia

— É um dia,é um dedo, é um dado,

É um dado, é um dedo, é um dia!

P.
— Cego, respondeste bem,

Como quem fosse estudado!

Eu também, da minha parte,

Canto versos aprumado

— É um dado, é um dia, é um dedo,

É um dedo, é um dia, é um dado!


C.
— Vamos lá, seu Zé Pretinho,

Porque eu já perdi o medo:

Sou bravo como um leão,

Sou forte como um penedo

É um dedo, é um dado, é um dia,

É um dia, é um dado, é um dedo!

P.
— Cego, agora puxa uma

Das tuas belas toadas,

Para ver se essas moças

Dão algumas gargalhadas

— Quase todo o povo ri,

Só as moças 'tão caladas!

C.
— Amigo José Pretinho,

Eu nem sei o que será

De você depois da luta

— Você vencido já está!

Quem a paca cara compra

Paca cara pagará!

P.
— Cego, eu estou apertado,

Que só um pinto no ovo!

Estás cantando aprumado

E satisfazendo o povo

— Mas esse tema da paca,

Por favor, diga de novo!

C.
— Disse uma vez, digo dez

— No cantar não tenho pompa!

Presentemente, não acho

Quem o meu mapa me rompa

— Paca cara pagará,

Quem a paca cara compra!

P.
— Cego, teu peito é de aço

— Foi bom ferreiro que fez

— Pensei que cego não tinha

No verso tal rapidez!

Cego, se não é maçada,

Repete a paca outra vez!

C.
— Arre! Que tanta pergunta

Desse preto capivara!

Não há quem cuspa pra cima,

Que não lhe caia na cara

— Quem a paca cara compra

Pagará a paca cara!

P.
— Agora, cego, me ouça:

Cantarei a paca já

— Tema assim é um borrego

No bico de um carcará!

Quem a caca cara compra,

Caca caca cacará!

Eis aí um desafio, feito no Repente, que, salvo engano, depois foi publicado em cordel.
O fato que as duas expressões da poesia popular - cordel e repente - têm muito em comum, usando muitas vezes as mesmas formas, com decassílabos ou sextilhas, e abordando toda espécie de assuntos. Sem contar que às vezes o cordel é feito em tal velocidade, que é quase um repente.
Texto de Marcos Mairton.
http://mundocordel.blogspot.com.br/2007/09/cordel-e-repente.html